Banco de Jardim

10-12-2009 23:43

    Boa noite a todos,

    Hoje postamos o Banco de Jardim na perspectiva fotográfica Pinhole e um poema de Nuno Júdice.

Ao cair da Noite

No banco do jardim, como numa sala de espera,
pergunta se alguém virá para a buscar, antes
que a noite chegue. E eu, do outro lado do tempo,
abro o caderno para lhe escrever: «Um dia
saberás o que disseram todas as cartas
que não abriste; e perante o vazio a que
a tua vida se resume, responderás que
pouco importa o tempo, quando a eternidade
te cobriu com a sua noite, há muito.»
Depois, vou ao correio. «Esqueceu-se
de pôr a morada», diz-me o empregado.
«Não sei para quem escrevo», digo-lhe.
E meto na caixa o envelope em branco
para que alguém, um dia, o descubra num
fundo de posta restante. E ao ler o que
lhe escrevi, talvez se sente num banco
de jardim, pouco antes da noite, pensando
no que é a vida em que todo o futuro se
fixa nesse instante que não chegou a ser.

Nuno Júdice

 

    Comentem ; ) 

    Cumprimentos a todos!

 

    Ana Soares, Joana Ferreira, Paula Oliveira, Tânia Pinheiro    

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