Austrálias

17-03-2010 23:24

    Boa noite a todos,

    Hoje, mais uma planta invasora: Austrália.

Como reconhecer
Árvore perene, de floração amarelo pálido.
Meso ou megafanerófito perene até 40m, de ritidoma castanho-escuro profundamente fendido. Folhas jovens de dois tipos (umas recompostas e outras reduzidas a filódios); folhas adultas todas reduzidas a filódios laminares, ligeiramente falciformes, com 2-6 nervuras longitudinais. Flores amarelas pálidas, reunidas em capítulos com cerca de 10 mm de diâmetro. Vagem plana com 70-120 X 8-10 mm, contorcida, castanho-avermelhada; semente rodeada por funículo alaranjado numa dobra dupla.


Espécies semelhantes

Acacia cyclops G.Don fil. é semelhante mas tem capítulos de flores amarelo mais escuro, os filódios não são falciformes, e as sementes são envolvidas por um funículo escarlate.


Origem
Sudeste da Austrália, Tasmânia


Motivos para a introdução
Introdução para fins ornamentais. Cultivada (no passado) como espécie florestal, como árvore de sombra, ornamental e fixadora de solos.


Estatuto legal em Portugal
Espécie invasora.


Distribuição em Portugal Continental
Todas as províncias.


Características que facilitam a invasão
Produz muitas sementes de longa viabilidade no solo (superior a 50 anos), as quais podem ser activamente dispersas por aves, pelo vento, por água e, possivelmente, por roedores, aumentando as áreas invadidas. As sementes germinam após abertura de espaço e/ou ocorrência de fogo. Rebenta vigorosamente de touça e raiz após o
corte Domina os ambientes invadidos promovendo a perda de biodiversidade. Fixa azoto e altera o balanço de nutrientes no solo, afectando a capacidade de sobrevivência de plantas nativas. Invade principalmente após incêndios.


Ambientes preferenciais de invasão
Prefere terrenos graníticos, não se desenvolvendo tão facilmente em calcários
Tolera bem a seca, locais com pouca drenagem, ventos marítimos, locais poluídos e temperaturas extremas É muito frequente ao longo de estradas, orlas de florestas ou espaços abertos e margens de cursos de água.

Metodologias de Controlo
Controlo físico: Plântulas e indivíduos jovens podem ser arrancados mas é importante que não fiquem raízes no solo. O arranque deve ser efectuado na época das chuvas de forma a libertar mais facilmente as raízes. Para indivíduos adultos resulta, em algumas situações, o descasque desde cerca de 70-100cm até ao solo ou a extracção de um anel de casca de 3-4cm de espessura. Nestas metodologias é importante que não permaneça NENHUMA porção de câmbio vascular, em toda a circunferência desde o corte até ao solo, a partir do qual a árvore conseguiria refazer a casca e
sobreviver. O descasque deve ser realizado numa época em que as condições sejam favoráveis ao crescimento (normalmente temperaturas amenas e humidade) de forma a que o câmbio vascular esteja a produzir células activamente e portanto seja mais fácil o destaque da casca  também importante que não permaneçam árvores “saudáveis”, não controladas, nas proximidades, pois há a possibilidade de contacto entre raízes facilitando a sobrevivência das árvores descascadas.

Controlo físico + químico: Corte tão rente ao solo quanto possível e pincelagem IMEDIATA(impreterivelmente nos segundos que se seguem) da touça com herbicida. Experiências em algumas áreas têm mostrado melhores resultados com glifosato. No entanto, há heterogeneidade de resultados em relação aos diferentes químicos e concentrações. Se houver rebentamento, os rebentos podem ser arrancados ou cortados quando atingirem 15 a 30 cm de altura, repetidas vezes, até que o vigor diminua. Alternativamente podem ser eliminados através de pulverização nas folhas, com glifosato diluído em água a 2%. A aplicação deve ser realizada com equipamento de segurança, com pulverizador de bom desempenho e precisão, sem vazamentos, e em dias sem vento para evitar impactos paralelos sobre outras espécies, solo ou água. O tratamento precisa ser repetido cada vez que os rebentos atingirem a altura indicada. A pulverização deve ser evitada em áreas de conservação ou perto de água.

Controlo biológico: O gorgulho Melanterius acaciae Lea (Curculionidae), que se alimenta de sementes de A.melanoxylon (e esporadicamente A.cyclops e A.saligna que estejam perto), foi introduzido na África do Sul em 1986, verificando-se actualmente danos extensos na espécie alvo Este agente não foi ainda testado em Portugal, de forma a verificar a sua segurança relativamente às espécies nativas, pelo que a sua utilização ainda não constitui uma alternativa no nosso país.


A ter em atenção
É essencial assegurar o controlo de seguimento após o controlo inicial, para remoção de rebentos de touça e de raiz e arranque de plântulas jovens. Descuidar o controlo de seguimento pode resultar na rápida re-invasão da área. A persistência é fundamental até que não sejam observados mais rebentamentos! A aplicação do químico deve realizar-se nos primeiros segundos após o corte - quanto menor o tempo entre o corte e a aplicação do produto, maior a eficácia do tratamento. Descuidar este aspecto resulta muitas vezes no reduzido sucesso da metodologia. É fundamental que se respeite rigorosamente a informação dos rótulos dos produtos e os cuidados gerais da aplicação de químicos, nomeadamente, a não aplicação em dias de precipitação nem dias de muito vento e a utilização de material de protecção.

      (Toda a informação sobre as austrálias foi recolhida em: https://www1.ci.uc.pt/invasoras/index.php?menu=114&language=pt&tabela=especies)!

      Este poste tem um especial agradecimento ao Carlos Oliveira (MyPoinTi, WebDesign -
www.mypointi.com).
   

      Cumprimentos a todos!

Ana Soares, Joana Ferreira, Paula Oliveira, Tânia Pinheiro

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